terça-feira, 1 de maio de 2012

1º DE MAIO, DIA DO TRABALHADOR

     O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. As máquinas a vapor revolucionaram o modo de produzir. Esse processo ficou conhecido como "Revolução Industrial".
     A Revolução Industrial não foi um processo pontual; se alongou também pelo século XIX e concentrou os trabalhadores em fábricas. Mas as fábricas daquela época, não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos. Os empregados, homens, mulheres e crianças, chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.
     Em diversos países os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as Trade Unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados.
      Em 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas.
     Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu, por proposta de Raymond Lavigne, convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1º de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França foi dispersa pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serviu para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclamou o 1º de maio como dia internacional de reivindicação de condições laborais. Era, portanto, um dia de luta, de protestos pelos direitos trabalhistas.
     No Brasil, até o início da Era Vargas (1930-1945), o Dia do Trabalhador era marcado por momentos de protestos e críticas às estruturas socioeconômicas do país. A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transformou o dia internacional de reivindicação de condições laborais em "Dia do Trabalhador". Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares.
Antes, no primeiro dia do mês de maio, as tropas e as polícias ficavam de prontidão, os patrões se preparavam para enfrentar problemas e os trabalhadores não sabiam se no dia seguinte teriam emprego, liberdade ou até a vida. Depois do "jeitinho brasileiro", tudo isso foi esquecido. Poucos são os trabalhadores ou até os sindicalistas, que conhecem a origem do 1° de maio. Muitos pensam que é um feriado decretado pelo governo. Existem até aqueles que pensam que foram os patrões que inventaram esse dia para homenagear os seus trabalhadores.
     Apesar de tudo, a luta daqueles "Mártires de Chicago" repercute até hoje. Graças às lutas que se iniciaram a partir daquele movimento, os trabalhadores hoje têm os seus direitos trabalhistas garantidos. Mas a gente sabe que isso nem sempre acontece, pois ainda é muito comum, mesmo nos dias de hoje, trabalhadores sem carteira de trabalho, crianças que são exploradas no trabalho, minoria que sofrem preconceito nos empregos, sem falar do enorme número de pessoas que não conseguem encontrar um trabalho.
     Como diz um refrão popular, "festa é bom", mas não devemos esquecer que ainda há muito para se conquistar. E que o 1° de Maio, apesar das conquistas, sempre será o "Dia Internacional de Reivindicação de Condições Laboriais".

Fonte: Jornal O Mossoroense.

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